O surf de Itajaí nasceu no início da década de 70 logo após a construção do molhe sul que resultava em melhores condições de acesso ao Porto de Itajaí naquela época, esta obra realizada na ocasião pela empresa Portobras acabou por formar uma das melhores ondas para a esquerda no oeste do Oceano Atlântico, e que em nossos dias atuais a obra dos molhes esta servindo de estudo para a formação de outros fundos artificiais propícios para a prática do surf semelhantes ao de Itajaí.
Mas os primeiros surfistas não foram os de Itajaí, e sim os paulistas e cariocas que vagavam por nosso litoral atrás de ondas e acabaram encontrando aquela onda perfeita e sozinha quebrando encostada daquela recente obra parecida com uma muralha, com o passar do tempo os jovens de Itajaí que frequentavam as praias também começaram a querer aprender a surfar aquela onda mágica, mas só que a princípio os nossos iniciantes surfistas da terra itajaiense foram hostilizados pelos forasteiros que quiseram dominar o pico do Atalaia e impor uma ordem em que só eles (os de fora), poderiam ter o direito de surfar a onda.
Até que um dia tudo mudou, a juventude de surfistas itajaienses se ajuntaram e decidiram conquistar de uma vez por todas aquelas ondas para a cidade, e em uma verdadeira guerra de paus e pedras, os surfistas de fora da cidade foram expulsos, e as ondas do Atalaia começaram a ser usufruidas pelos habitantes da cidade, mas muitas vezes os surfistas de outras cidades retornaram para tentar reconquistar a onda e todas as vezes foram expulsos, sendo que até hoje em dia se tem muito isso na cultura do surf de Itajaí, na qual muito se conhece pelo nome de "Localismo", que aliás muitas pessoas de Itajaí são contrárias, mas não sabem o que aconteceu no deserto daquela região no início da década de 70.
O surf de Itajaí veio a se organizar como uma associação propriamente dita, por volta do ano de 1986 onde foi fundadada a ASFI (Associação de Surf Foz do Itajaí), foi instituída com a Presidência do Sr. Aquiles (Jacaré) e fomentou o esporte no final da década de 80 e início da década de 90, mas o ostracismo voltou ao cenário de Itajaí quando a ASFI deixou de atuar no esporte, tempos mais tarde houve uma nova tentiva de reativação da associação em 1998, só que como estava muito difícil de poder dar continuidade na entidade devido a fatores jurídicos e burocráticos, foi formada e fundada então a ASPI (Associação de Surf de Itajaí) como presidente o Sr. Jailson Fernandes, e por aí não se parou mais de estar atuando no surf de Itajaí, hoje em dia temos grandes eventos sendo instalados em nossas praias devido a alta qualidade de suas ondas, como a Praia Brava que tem uma larga história também desde as primeiras frequências de pescadores, logo após os surfistas e até a descoberta do lugar pelos turistas de todo o Brasil, histórias feitas naquele lugar pelo Galera´s Bar do Zizo e logo em seguida do Kiwi Bar de Terence Schaufert.
Formou-se também a ESA (Escola de Surf Amigos do Atalaia), com a presidencia do Sr. Jailson Fernandes que presta serviços a comunidade de arrecadação de alimentos e ensino da prática do surf, e atualmente vem realizando um lindo projeto que o surf para os cegos, que recentemente vem estabelecendo uma marca do maior número de deficientes visuais surfando a mesma onda e ao mesmo tempo.
Itajaí hoje com a presidência de Juliano Secco na ASPI, conta com uma sólida estrutura técnica apta a comandar, promover, executar e realizar eventos amadores e profissionais em nossa cidade e pelo estado de Santa Catarina, o surf de Itajaí e a ASPI nos dias atuais está construindo mais um grande capítulo na sua história que é a profissionalização dos seus surfistas em que os mesmos, estão enfrentando os melhores surfistas do mundo de igual para igual em diversos campeonatos profissionais, tanto nacionais quanto os campeonatos internacionais, mas muito se fala no futuro do surf de Itajaí, que hoje conta com um grande crédito de sua população e que os novos projetos sejam bem vindos para o fortalecimento do esporte, como um novo fundo artificial para as ondas por exemplo, e aí será uma nova história para ser escrita.
Finalizando este texto quero incluir alguns nomes que fizeram parte da história do surf de Itajaí;
Alencar Alemão, Julio Dica, Falecidos Pepeu e Samuca, Magro, Gamba, Ney, Aquiles, Zizo, Lui, Volney, Neguitcho, Neg´s, Picuã, Titcha, Arlindo, Betinho, Chiquinho, Jeff, Alvarenga, Chimitão, Betão, Bafo, Ratatu, Murilo, Nery, Denis, Dalton, Clemente, Mocó, Juliano Secco, Jailson, Aranha, Moisés, Arca de Noé, Macarrão, Paulinho Cobrasil, Mosca, Paulo Reiser, Passarinho, Batista, Maico, Dr Mauricio, Marcelo Rosa, Claudinho, Break, Boy, Formiga, Zeno, Pedroca, Zequinha, Sergio Emilio, Muricio Weber, Makon Gall e tantos outros intermináveis amigos de histórias e lendas que frequentaram nossas praias e deixaram suas marcas e ainda deixam suas manobras diariamente nas ondas e na história de Itajaí.
Início da construção do molhe sul na década de 60 em um dia de grandes ondas, note que ondas perfeitas já quebravam nesse lugar.
Itajaí sem os molhes, foto decada de 50.
Galera da década de 70, de chapéu Paulo Reiser. Foto disponibilizada por Caca
A onda do molhe na década de 70 Foto disponibilizada por Caca
Campeonato da ASFI em 1988 no microfone Aquiles (jacaré), com Neguitcha ao fundo Foto: Djalma
Campeonato da ASPI em 2002com Boy na locução - Foto: Marcos
Galera que organizou o circuito de surf em 2002 da ASPI Neguitcha, Boy, Daniel, Break e Emanuel
Campeonato realizado em 2009 nos molhes do Atalaia com a vitória de Alejo Muniz - Foto Sandro
Evento em 2010 que estabeleceu uma nova marca do maior número de deficientes visuais surfando a mesma onda e ao mesmo tempo nas aguas do Atalaia.
Texto e criação: Sandro Santos